sexta-feira, 16 de julho de 2010

...

Abriu a porta, sentiu seu cheiro, ela acabará de sair, disse que dessa vez era pra sempre, que não voltaria.
Ele não acreditou, isso ja foi dito tantas vezes, essa não seria a primeira, muito menos a ultima.
Sentou em seu velho sofá, pensou: preciso de um sofá novo, ou de me livrar desse gato.
Ela amava o gato.
Ligou a tv, como que por impulso, sempre fazia isso, ficava passando os canais, quase nunca prestava atenção.
Pensava: será que ligo para ela agora? não! irei esperar ela voltar, ela sempre volta.
Passou pelo canal de aneis, pensou: será que alguem compra essas coisas??
Mudou de canal, novela. Ele sempre acha forçado essa forma que a vida é tratada nas novelas.
Mudou de canal novamente, foi a cozinha, pegou um café, acendeu um cigarro, e esperou..
Seu cheiro ainda estava lá, mas a fumaça do cigarro tomava conta do ambiente, e aos poucos o cheiro dela ia desaparecendo.
Fez carinho no gato.
Mudou de canal novamente, estava cansado de esperar...
Pensou em ligar para ela novamente, mas lembrou que seu telefone estava cortado.
Esperou...
Mudou de canal...
Noticiario...
Outro cigarro.
Pensou em sair para comprar uma cerveja, mas se ela voltasse??
Esperou...
Uma noticia lhe chama a atenção na tv.
Ele não acredita.
O gato ronrona.
Seus olhos se enchem de lágrimas.
Dessa vez ela não voltará.

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